Portugal, um País condenado à Emigração

 

Portugal foi, é e, "pelo andar da carruagem", irá sempre ser um país de emigrantes.

Só que agora o problema é mais sério pois, a acrescentar a todos aqueles que partem sem grandes qualificações, à procura de uma vida melhor, com salários mais elevados, em países que reconheçam e valorizem o trabalho enquanto força motriz de qualquer sociedade vão, também, muitos jovens com qualificações acima da média, carregados de sonhos e cheios de esperança, em busca da apreciação e valorização a que entendem ter direito e que lhes é garantida a partir do momento em que assinam os seus primeiros contractos.

Depois de anos, passados e esforçados a investirem, material e intelectualmente, na sua formação e qualificações sociais, humanas e académicas esperam, apenas, que lhes sejam dadas oportunidades, uma avaliação rigorosa das suas competências, a liberdade possível de as explorar e desenvolver, em benefício de todos, e o reconhecimento e apreciação do seu esforço, do seu eventual potencial produtivo.

Desdobram-se na apresentação de candidaturas, sujeitam-se a todo o tipo de filtros exigidos pelas empresas que lhes vão abrindo as portas, a infindáveis entrevistas (3 e 4 no processo de selecção de cada uma das empresas), ao dissabor e à frustração de serem preteridos quando tal acontece enfim, a uma via sacra de sentimentos e emoções que só quem passa pelo processo compreenderá.

Heróis Portugueses do séc. XXI, entre muitos outros, estes são os jovens de que Portugal, o seu país de origem abre mãos, a quem ignora, deixando-os partir, de forma não só leviana como displicente, para países, organizações e empresas que, de braços abertos os acolhem e, mesmo mimam, porque neles reconhecem o potencial de inovação e enriquecimento alvo da sua demanda, razão de ser da sua existência.

Enquanto aqueles que nos governam (será mesmo?...) e as respetivas estruturas partidárias não compreenderem que não existem apoios financeiros nem infraestruturas urbanas e regionais que se auto-sustentem e que, para que estas funcionem em plenitude, é necessário alterar a massa crítica que, durante décadas, tem dominado a nossa forma de estar e agir, preterindo e apostando na qualidade e no mérito próprio em vez da troca de favores e de outras formas desviantes de contratação, nunca será possível que Portugal atinja os níveis de desenvolvimento social e económico a que todos nós, de forma legítima e mais ou menos consciente, aspiramos.

Fotografia: Hong Kong
Luís L.A.

(Outubro 20.2021)

Agora virou discurso oficial!
Em 2021 ninguém "sentia" o problema ...
Entretanto ninguém vai ao cerne da questão.
Ninguém aborda o problema dos "compadrios", das "cunhas", dos processos e critérios de selecção, da ausência de rigor e dos descurados níveis de exigência tão enraizados nesta nossa sociedade Portuguesa!!!

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