Alienar, alienar, alienar ...
Tenho simultâneamente um horror, há muito interiorizado, à politica do "come e cala", tão dominante como assustadoramente imperceptível na sociedade em que vivemos.
Gostaria, entretanto, de conseguir o mesmo tipo de imunidade no que diz respeito às inúmeras e todas elas horrendas notícias sobre o estado das nações e do planeta, em geral, que invadem os nossos noticiários diários mas, infelizmente, não consigo ...
Pensar doi, reflectir mexe connosco, perturba-nos, obriga-nos a sair daquela confortável letargia em que nos vamos refugiando, de forma mais ou menos consciente.
Fico perturbada, irritada, nervosa, se não mesmo doente.
Não compreendo como se gastam milhões em missões para Marte, o planeta, e em projectos turísticos espaciais, quando habitamos um outro, a Terra, tão carente de atenção, tão desigual, tão cheio de contradições aceitando, com displicência, que milhões de seres como nós passem fome e sede e todo o tipo de privações só porque nasceram no lado errado do mundo, ou das sociedades ...
Como se condena veementemente o aborto (em nome do sacrossanto 5º Mandamento - "Não Matarás"... um ser em embrião, por mais embrionário que seja!) e se contemporiza e aceita todo o tipo de sofrimento e abusos que atingem as crianças que já nasceram e aqui estão à mercê de algumas das mais terríficas e inimagináveis aberrações ...
Como estruturadas organizações milenares e com supostas responsabilidades sociais e culturais como, por exemplo, a igreja católica, sob o argumento da protecção à Infância e respectiva formação em termos de valores morais, cristãos atenta, ela própria, contra os mesmos valores criando condições e ocultando as atrocidades e o permanente abuso de poder que a religião lhes tem conferido, acabando por destruir corpos, almas e vidas ...
Como, em nome da auto-determinação dos povos e das nações, se permitem sistemáticas violações dos mais elementares direitos humanos ...
Como se fomentam e alimentam guerras em nome dos interesses económicos e estratégicos de uma minoria que aspira e tem vindo a conseguir dominar o mundo ...
E é isto e muito mais, desde as medidas, orientações, factos e fait divers da quase comezinha política nacional que a todos afecta, favorecendo uns quantos em detrimento de outros e a todos medindo pela mesma bitola - a da mediocridade -, ao sentimento de impotência e incapacidade de nos fazermos ouvir e de podermos mudar seja o que for, tanto em termos nacionais como internacionais ..., globais, que nos levam a fazer escolhas e a tomar opções drásticas em defesa de algo que, desvalorizado ao longo dos tempos começa a ser objecto de atenção e a adquirir a relevância que lhe é devida: a defesa e preservação da sanidade mental possível ...
Vivemos num mundo conturbado, dominado por gravíssimos conflitos armados em que o derramamento de sangue é uma constante e milhares foram os que já morreram, vítimas inocentes de ambições desmedidas e de ferozes e descontrolados desejos de retaliação de uns quantos ...
Em alta estão o fabrico de armamentos e, cá e lá, por esse mundo fora, onde a paz ainda é uma "constante", os consultórios e gabinetes de psiquiatras e psicólogos não têm mãos a medir ...
Irónicamente, não são os directamente afectados, as verdadeiras vítimas, quem a eles recorre!...
Enfim, coexistimos num mundo às avessas, in a topsy-turvy world, como diriam aqueles que se expressam em Inglês.
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