Ao sr. Putin, actual Presidente da Federação Russa

 

Ilustr.: Street Art at Peace Square, Lyon, France/FB

Ao sr. Putin, actual Presidente da Federação Russa

Nem sequer consigo começar esta missiva com o tão habitual, como formal, "Caro"...

Porque o senhor, para mim, representa exactamente tudo aquilo que se opõe a qualquer sentimento de cordialidade. 

Ouço e olho para o que se está a passar na Ucrânia, em busca de uma explicação plausível, algo lógica, à luz da suposta aquisição de um conjunto de conhecimentos milenares acumulados pela humanidade e da evolução do pensamento do séc. XXI, e confesso não conseguir encontrar e, muito menos compreender, a avalanche demolidora de que o senhor é o mentor ao se permitir invadir, no ano de 2022, um país soberano como é a Ucrânia.

... Ainda se o senhor, à semelhança do seu homólogo Ucraniano, estivesse ao lado dos seus soldados, dando o exemplo e o seu corpo ao manifesto, lutando ombro a ombro com os mesmos e defendendo os seus pensamentos delirantes, eu poderia, num derradeiro esforço, tentar compreender, no mínimo, o reconhecimento da sua coerência e de que o senhor seria o primeiro a sacrificar-se em defesa das suas causas ...

Mas não ... o senhor começa por abusar do seu exército, dos homens e mulheres oriundos do seu país, do seu povo, usando-os  como carne para canhão sem qualquer complacência por eles próprios, as suas vidas, as suas famílias, os seus sonhos ...

O senhor é, actualmente, o símbolo das Maldade e Crueldade humanas, do que de pior o ser humano é capaz sempre, mas sempre resguardado, pela inerente Cobardia que caracteriza todos os homens e mulheres desprovidos de carácter e de sentimentos compassivos.

Do luxuoso e "fortificado" isolamento do seu bunker, cobardemente escondido e protegido à custa do seu Povo e da Pátria que pretende amar, em nome de uma megalomania que só pode ser resultante e manifestação de uma ou várias patologias, o senhor tudo faz para esquecer, negando, a sua condição mortal, aquela à qual não poderá fugir, independentemente das equipas técnicas de que se rodeia, de novo e sempre à custa do Povo em nome do qual fala.

Uma megalomania patológica, com consequências tão criminosas como devastadoras, e sem cabimento na era em que vivemos e com os problemas globais com os quais nos debatemos, enquanto Humanidade.

Para cúmulo, sei que o senhor é uma pessoa com formação académica superior que tem, inclusivamente, um doutoramento e, perante essa realidade e as provas que deu de ser uma pessoa inteligente, mais incompreensíveis, mesmo dignas de espanto, são essas suas retrógradas convicções, características de um obscurantismo que muitos de nós pensávamos não ser mais possível nos tempos que correm vindas, sobretudo, da parte de pessoas que integram o mundo académico.

Em jeito de conclusão, perante a estupefacção que domina a minha mente e os meus sentimentos, sei que o senhor é, pelo menos, pai de 2 filhas e que também já é avô e dou comigo a perguntar a mim própria o que sentirão as mesmas e toda a sua família, perante as barbaridades que o senhor está a mandar cometer à Ucrânia e ao louvável Povo Ucraniano. 

No meu país há um provérbio que diz que "quem a ferros mata, a ferros morre" e, infelizmente para si, não merece qualquer outro destino que não seja esse, o de conhecer um pouco do inferno de que o senhor se tornou autor.

Triste lado da História esse que o senhor escolheu para se notabilizar!!!
(Abril 03, 2022)

Ao ler este post, com o prolongar da barbárie, o agudizar da situação, algumas leituras relacionadas com a filosofia e estratégias utilizadas na era soviética e o percurso da personagem em questão, apercebi-me não só da minha tremenda ingenuidade (essencialmente fruto da ignorância) como do abismo existente entre a minha cultura ocidental - cujos valores e tradição democrática são e têm sido inquestionáveis - e a cultura soviética (União Soviética), belicista por natureza, atendendo ao seu pendor ditatorial e imperialista.
De entre as várias leituras feitas e testemunhos ouvidos registo este artigo de opinião da jornalista Americana Anne Applebaum na revista The Atlantic, em Junho de 2022:


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