Henrique Cymerman, Entrevista al Papa Francisco
A minha homenagem ao querido Papa Francisco, aquele que, ao tempo e sem que compreendesse o motivo, me fez ajoelhar e chorar compulsivamente, com uma enormíssima e inexplicável emoção a partir do momento em que, já eleito, apareceu à janela do Palácio, no Vaticano.
A sua simplicidade, o seu humor, a forma como se apresentou, vestido de branco e despojado de qualquer pompa, a sua enorme humildade manifestada na forma como a todos pediu que rezassem por ele, pareciam fazer antever um novo, mais leve, mais humano e muito mais próximo modelo de exercício papal.
E assim tem sido ao longo dos anos ... apreciado e querido por muitos, uma maioria de católicos e não católicos e repudiado (temido?!...) por uns quantos, precisamente aqueles que, pela sua "Fé" e convicções religiosas, mais próximos de si era suposto estarem.
Com formação católica mas afastada da instituição (por razões que não vêm ao caso) foi com um grande espanto e um enorme choque que me apercebi desse antagonismo vivenciado por alguns movimentos infelizmente, também, no seio da minha própria família.
Há umas semanas atrás ao, de uma forma entusiástica e solidária, tentar alertar uma família católica, praticante, bastante ortodoxa, para uma entrevista com "o representante de Cristo na Terra, Jesuíta e Mariano"(naquela casa o terço é rezado todos os dias !!!) nunca imaginei sentir um tão grande desprezo (negado ... não confessado!!!) por parte da mesma, face à espontaneidade da minha intervenção e à necessidade que sentia e que sinto de construir pontes entre nós, lá onde o pensamento único se impõe e o simples exercício de questionar é proibitivo.
Tive a confirmação, preto no branco, das suspeitas que há muito me invadem e que levaram ao meu afastamento, magoado, da Igreja católica, enquanto instituição: esta aproximação do Papa Francisco às origens do Cristianismo, a sua autenticidade e consequente necessidade de, ocupando o lugar que ocupa procurar, afincadamente, corrigir o que está errado e tem corrompido a instituição na sua essência, incomoda muitos, ao atentar contra os poderes e interesses há séculos estabelecidos e tortuosamente consolidados ...
Nesta minha busca incessante pela Luz, pela transparência, pela Justiça e defesa dos mais frágeis entre os frágeis - as crianças (talvez por ser mãe e ter tido filhos pequenos!) - e grande admiradora da coragem, postura e orientações do Papa Francisco em tudo o que diz respeito aos escândalos de abuso sexual no seio da própria Igreja, acabei por me esquecer que há quem tenha outras formas de olhar e, quiçá, de procurar interpretar uma tão aberrante realidade!...
(Novenbro, 09, 2022)
Homenageando e agradecendo, também, a Henrique Cymerman pelo trabalho que tem desenvolvido ao longo dos anos, pela sua honestidade, coragem e frontalidade e pelo imenso carinho com que, sendo judeu, entrevistou este seu especial Amigo.
Um exemplo digno de registo.
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