Anatomia de um falhanço

 
Quando, no decurso da nossa infância e/ou adolescência vivemos situações traumáticas no seio da nossa família nuclear, tendemos a procurar corrigir as disfuncionalidades de que fomos vítimas na geração seguinte, isto é, com os nossos filhos.

E é tal o receio de que a história se repita, que tudo fazemos para criar ambientes assépticos, inócuos, livres de obstáculos com o objectivo, mais ou menos consciente, de procurar prevenir as circunstâncias que julgamos poderão ter estado na origem das situações problemáticas com as quais tivemos que lidar.

Aquilo de que nos não apercebemos é que, na nossa ânsia, quase irracional, de protecção, ao procurarmos retirar do caminho dos nossos filhos as "pedras" que é suposto encontrarem, estamos a interferir com os seus processos individuais de crescimento, de delineação das suas personalidades, do seu carácter e, sobretudo, da sua resiliência, ou seja, da sua maior ou menor capacidade de enfrentar e ultrapassar os obstáculos que se lhes forem apresentando no decurso das suas vidas, das suas trajectórias individuais.

As frustrações fazem parte da vida quotidiana de todos nós e, quanto mais cedo aprendermos a lidar com elas e a encará-las, não como obstáculos mas como desafios, mais preparados estaremos para as transformarmos em oportunidades.

Entretanto, como normalmente existem explicações para tudo e há variáveis que não conseguimos, de modo algum controlar, acabamos por cometer erros que, em última instância, se viram contra nós...

Ilustração:Adelans/FB
(Agosto 21, 2019)

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