O Machado roubado


«Lao-Tseu conta que, um dia, um camponês perdeu o seu machado.
Procurou-o por todo o lado, em casa, mas em vão. 
Ao aperceber-se, entretanto, que um dos seus vizinhos passava desviando o olhar suspeitou, de imediato, que pudesse ter sido ele a roubar-lho.
O homem, de facto, tinha um comportamento suspeito e que levava a crer que tivesse sido o ladrão do machado. O seu rosto, o seu ar, a sua atitude, os seus gestos, as palavras que pronunciava, tudo nele indicava, sem lugar para dúvidas, que fosse ele o ladrão.
Instalada a dúvida, o camponês estava decidido a denunciá-lo, a acusá-lo publicamente e a leva-lo perante um juiz quando, de repente, reencontrou o seu machado, caído no meio dos arbustos, não longe dali.
Quando voltou a ver o seu vizinho, este não apresentava o menor indicio que sugerisse poder ser o ladrão do desaparecido machado.»

Contes philosophiques
Trad. e Adaptação
Maria M. Abreu

... O perigo das presunções baseadas em meros equívocos, sem o suporte de provas concretas.

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