A Serpente e os Aldeões, conto indiano
Exasperados, os aldeões juntaram-se e foram procurar um homem sábio para se queixarem da sua maldade.
Depois de os ouvir, o sábio foi ter com a serpente. Falou com ela durante muito tempo criticando o seu mau comportamento… "Que mal lhe tinham feito os aldeões?" … "Qual a causa de tantas mortes e violência gratuitas?"...
Ele foi de tal maneira convincente que a serpente ficou perturbada. Jurou emendar-se e manteve a sua palavra.
A partir desse dia não foi mais a mesma. Ela, aquele réptil outrora aterrador, transformou-se numa espécie de longo verme, esguio e flácido. Perdeu toda a sua força não ousando, mesmo, engolir a mais pequena das lesmas.
Os aldeões, que tinham a memória curta, vieram troçar da sua fraqueza. "De que lhe valia ter presas venenosas se não fazia uso delas"!...
Quanto às crianças, de cada vez que passavam por ela, atiravam-lhe pedras ou davam-lhe pontapés.
Ao fim de vários meses nesta situação, a serpente estava cansada de todos os golpes sofridos.
Arrastou-se com dificuldade até casa do sábio e, por seu turno, expôs-lhe os seus problemas.
- Fiz tudo o que me pediste e tenho a impressão de já não ser eu mesma. Os aldeões já não me temem e perderam todo o respeito que tinham por mim. Desprezam-me, batem-me e tenho o coração a sangrar. O que me aconselhas?
- É muito simples o que tenho para te dizer, respondeu-lhe o sábio.
Proibi-te de atacares os aldeões de morte, quando não há razão para tal. Mas … alguma vez te proibi de sibilar?...»
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Tradução e adaptação: Maria M. Abreu
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