O Cedro, conto tradicional Cherokee

 
« Há muito tempo, quando o povo Cherokee apareceu na Terra, começou a pensar que a vida seria muito melhor se nunca houvesse noite.
Imploraram então, ao Criador, que fizesse com que fosse sempre dia - dias intermináveis, que se sucederiam uns aos outros, sem lugar para as noites.
O Criador ouviu as sua vozes, prestou-lhes toda a atenção e acedeu aos seus desejos.
Muito em breve, a floresta tornou-se cerrada e densa. Nos campos, as pessoas trabalhavam arduamente, durante longas horas. O clima aqueceu, os dias eram cada vez mais quentes, e assim continuaram dias após dias.
As pessoas deixaram de ter sono e tornaram-se mal-humoradas.
Apercebendo-se do seu erro, o povo implorou ao Criador:
- "Cometemos um erro ao pedir para que fosse sempre dia. Pensamos, agora, que só deveremos ter noites. Queremos que seja sempre noite."
Apesar de todas as coisas terem sido criadas de forma dual: dia e noite, vida e morte, bem e mal, tempos de abundância e tempos de fome, o Criador amava o Povo e decidiu fazer o que pediam. Acabaram-se os dias e a noite caiu sobre a Terra.
Em breve as colheitas pararam de crescer e o tempo ficou muito frio.
O Povo começou a passar muito do seu tempo a reunir lenha para fazer as suas fogueiras.
Não conseguiam ver para caçar e, cedo, ficaram cheios de frio, fracos e famintos.
Muitos morreram de fome.
Os que sobreviveram juntaram-se, de novo, para implorar ao Criador: 
- "Ajuda-nos, oh Criador" gritaram "Cometemos um erro terrível! Desde o princípio que fizeste o dia e a noite, de forma perfeita, e como deveria ter sido sempre. 
Pedimos-te que nos perdoes e nos devolvas o dia e a noite como era, no início."
Uma vez mais o Criador ouviu o pedido do Povo.
O dia e a noite regressaram, tal como o Povo havia pedido e como tinha acontecido, inicialmente.
Cada dia estava dividido entre a luz e a escuridão. 
O clima tornou-se agradável e as colheitas cresceram de novo. 
A caça abundava e o Povo tinha muito que comer, tornando-se saudável. 
Lidavam entre si com compaixão e respeito. 
Era bom estarem vivos.
O Povo agradeceu, então, ao Criador a sua nova vida e a quantidade de alimentos que tinham para comer. 
O Criador aceitou a gratidão do Povo e ficou feliz de os ver sorrir de novo.
Contudo, durante o tempo das longas e intermináveis noites, muitas pessoas morreram.
O Criador colocou, então, os seus espíritos numa árvore recentemente criada: o Cedro.
Os Cherokee acreditam que a madeira de Cedro possui poderosos espíritos protetores. 
Muitos trazem consigo pequenos pedaços de madeira de cedro nos seus pequenos sacos de magia, usados à volta do pescoço.
Também é colocada na entrada das casas, enquanto escudo protetor, para prevenir a entrada de espíritos malignos.
O tradicional tambor é feito com madeira de cedro.»

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Tradução e adaptação
Maria M. Abreu

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