A Vinha de Noé, conto hebraico
« Quando Noé, depois do dilúvio, resolveu plantar uma vinha, Satanás rejubilou.
"Essa planta, disse ele, pertence-me. Reconhecidamente ela será a melhor das fornecedoras do meu reino. O truque é encontrar o fertilizante certo para obter muitos frutos."
Aproximou-se de Noé, que estava ocupado nas tarefas da sua plantação.
- Que estás a fazer? - perguntou-lhe
- Podes ver, respondeu Noé, planto uma vinha.
- E porquê?
- O fruto deste arbusto será precioso. Irá alegrar o coração dos homens.
- Se assim é, disse Satanás, vamos juntos procurar um fertilizante adequado.
Satanás trouxe, então, sucessivamente uma ovelha, um leão, um tigre, um porco e, finalmente, um macaco.
Sacrificou estes animais um a um de forma a que o seu sangue, ao penetrar no solo e, consequentemente, na seiva das videiras se misturasse nas uvas.
O astucioso Satanás sabia bem o que fazia!...
Ainda hoje o diferente carácter dos animais que escolheu se revela nos efeitos resultantes do consumo de vinho.
Se beber pouco, o homem fica doce como a ovelha.
Se, entretanto, beber uma dose um pouco mais forte, torna-se corajoso como um leão.
Se ultrapassar a medida certa, ei-lo feroz que nem um tigre.
Se, finalmente, se render à paixão pela bebida, assemelhar-se-á ao porco que chafurda na lama e tornar--se-á tão abjecto quanto um macaco a contorcer-se.»
Tradução e adaptação
Maria M. Abreu
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